Cocktail Tecnológico

sexta-feira, março 09, 2007

Energia a partir de bactérias

Roupas espaciais poderão gerar sua própria energia a partir de bactérias

Roupas espaciais poderão gerar sua própria energia elétricaAs roupas espaciais dos astronautas poderão um dia ser recobertas com proteínas sensíveis ao movimento e poderão gerar eletricidade a partir do movimento dos astronautas, de acordo com uma pesquisa futurística que está sendo feita em um novo laboratório em Cambridge, Estados Unidos. Esses "peles geradoras de energia" poderão também ser utilizadas para revestir futuras bases humanas em Marte, onde elas poderão produzir energia a partir do vento marciano.

Todas as missões espaciais se debatem com a questão de como produzir energia suficiente para completar seus objectivos com um mínimo de peso de suas baterias e de seus painéis solares. A sonda espacial Novos Horizontes, que está a caminho de Plutão, por exemplo, funciona com apenas 240 watts de electricidade, fornecidos pelo calor do decaimento de isótopos radioactivos. E a Estação Espacial Internacional não poderá expandir seus aposentos enquanto mais painéis solares geradores de electricidade não forem adicionados.

Organismos biológicos, por outro lado, são geradores de electricidade ultra-eficientes. Agora, uma nova empresa emergente, a IntAct Labs, está pesquisando como domar as capacidades geradores de energia das formas de vida para aplicações espaciais.

Minúsculas vibrações

Eles estão focando sua atenção em uma proteína chamada prestina, que é encontrada nas células externas do ouvido humano. Nas membranas celulares dessas células, a prestina converte tensão elétrica em movimento, espichando e contraindo a célula. Esse movimento amplifica o som no ouvido.

Entretanto, a prestina também pode funcionar em modo reverso, produzindo cargas eléctricas em resposta a forças mecânicas, tais como minúsculas vibrações. Cada proteína somente é capaz de produzir nano watts de electricidade, mas Matthew Silver e Kranthi Vistakula, ambos do laboratório IntAct, acreditam que muitas proteínas utilizadas em conjunto poderão ser capazes de abastecer pequenos dispositivos ou ajudar a recarregar uma bateria.

No curto prazo, os pesquisadores esperam provar seu conceito utilizando a prestina para criar um minúsculo sensor de vibrações que poderá gerar uma carga elétrica detectável.

Mas eles afirmam que redes dessas proteínas poderão formar "peles de energia" para recobrir roupas espaciais, de forma que o movimento natural dos astronautas possa ser capaz de gerar electricidade para alimentar seus próprios equipamentos. As peles poderão revestir construções no planeta vermelho, onde rajadas de vento poderão ativar a prestina.

Roupas espaciais poderão gerar sua própria energia elétricaPara aumentar a condutividade, os pesquisadores afirmam que eles poderão até mesmo integrar certos tipos de micróbios nas peles geradoras de energia. A bactéria Geobacter espalha apêndices superficiais parecidos com pêlos, que já se demonstrou serem capazes de conduzir eletricidade para um eléctrodo (veja Bactéria produz nano fios condutores de electricidade). Seus pêlos poderão ser igualmente utilizados para transferir os electrões gerados pela prestina ao longo das peles de energia, diz Silver.

Kelly Young
NewScientist
08/03/2007

Fonte: Inovação Tecnológica