Cocktail Tecnológico

sexta-feira, julho 07, 2006

(Des)ligados e sempre a gastar

Por comodidade, ignorância ou simples desleixo, a maioria dos consumidores deixa os aparelhos eléctricos das suas casas ligados à corrente. O que muitos não sabem é que, mesmo estando no modo off, os equipamentos podem apresentar custos energéticos surpreendentes(para não falar dos ambientais).
O peso do consumo em modo stand-by no total dos gastos domésticos de electricidade representa já 14% em Portugal, mas a tendência é de grande aumento nos próximos cinco anos, com a massificação dos electrodomésticos inteligentes (programáveis à distância). Um verdadeiro desperdício, que atinge um gasto de potência média de 377 kWh por ano, segundo a ADENE - Agência para Energia.
Se em aparelhos como a televisão, vídeo, DVD e Hi-fi, o consumo de energia (quando estão desligados) é facilmente justificável pelo facto destes poderem ser activados através de um comando, há equipamentos que em o consumo não tem qualquer utilidade. É o caso dos carregadores de telemóveis, que gastam energia quando estão ligados à corrente, mesmo sem desempenharem a sua função. O mesmo acontece com a maioria dos equipamentos que funcionam simultaneamente a pilhas e a electricidade. Por exemplo, um rádio deste tipo que esteja ligado à corrente, no modo off está a consumir energia.
«Todos os aparelhos que tiverem um transformador de tensão, como a televisão, gastam energia enquanto estiverem ligados à corrente. Depende apenas da vontade dos fabricantes reduzir os consumos de stand-by, a tecnologia existe», frisou ao DN Isménio Martins, presidente do Departamento de Energia Eléctrica e Electrónica da Universidade do Algarve.
O projecto Eureco, da ADENE, considera ser urgente uma intervenção na luta contra o consumo de stand-by, que representa, em média, «um acréscimo de 439 kWh/ano, podendo atingir, em cinco anos, 600 ou 700 kwh/ano». Uma das acções a serem desenvolvidas, continua o estudo, deve passar pela adopção de «uma regulamentação que interdite o desenvolvimento no mercado de equipamentos que possuam um consumo de standby superior a 1W.
Não existem entraves tecnológicos para o fazer, por isso os construtores devem optimizar rapidamente os seus produtos nesse sentido». Alertada para este problema, a Comissão Europeia, «está a desenvolver estudos no sentido de reduzir aquele consumo, mas ainda não foi definido um valor mínimo», afirmou ao DN Renato Romano, da Direcção Geral de Energia.
Sem qualquer obrigatoriedade, os fabricantes não querem gastar dinheiro para alterar o modo de funcionamento dos seus aparelhos. «Contudo, no caso particular dos produtores de televisões foi entregue uma proposta na Comissão Europeia, em que os industriais se comprometem a reduzir os consumos de stand by até 2007, para um nível médio de 2W e máximo de 3W», acrescentou Renato Romano.
O projecto Eureco chega a considerar que «o consumo para todos os equipamentos audiovisuais poderia ser simplesmente anulado. Existem diversos dispositivos técnicos que asseguram o corte total de corrente como os interruptores simples, ou a multi-tomada de corrente com interruptor ou ainda a tomada de corrente com telecomando de funcionamento/paragem infravermelho, etc».
Para os equipamentos informáticos foi considerada a mesma hipótese, enquanto nas restantes utilizações «supôs-se que 75% dos consumos de stand by poderiam ser suprimidos».
A pesquisa conclui que o potencial de economia de stand by apresenta um valor «muito considerável» nos países da União Europeia, situando-se entre 750 e 1200 kWh/ano.
Em Portugal, não se têm verificado grandes preocupações ou reflexões nesta matéria, mas em países como a França, foram já lançadas campanhas de sensibilização para os consumidores e produtores.
A Agência Internacional de Energia sublinha que os gastos «escondidos» dos aparelhos correspondem a 2% do consumo de mundial de electricidade.

Investigadores desenvolvem pilha de biocombustível

Investigadores da Universidade de Saint Louis, New Orleans (EUA), desenvolveram uma pilha de biocombustível que funciona com álcool e enzimas, dispositivo que afirmam poder gerar corrente durante um mês sem exigir recarga.

Os cientistas optaram por utilizar o etanol, abundante e barato, porque se trata de um produto ideal para propiciar a actividade das enzimas. O etanol é também muito menos volátil do que o hidrogénio, que é tido como o combustível modelo para as pilhas aplicadas à locomoção de veículos.

Os protótipos iniciais, pouco maiores que pequenas placas com uma superfície de cinco centímetros quadrados, têm gerado corrente até alimentados com bebidas alcoólicas.

As pilhas são geralmente de três tipos: primárias (as mais conhecidas, de usar e deitar fora), secundárias (as recarregáveis), e as pilhas de combustível, solução que funciona continuamente com base na transformação da energia química de um combustível (como o hidrogénio) em energia eléctrica, com a ajuda de um oxidante.

Os protótipos de pilhas de combustível mais comuns, assentes no hidrogénio, enfrentam o problema da volatilidade deste elemento. A solução desenvolvida na Universidade de Saint Louis recorre a um álcool como combustível e a biomoléculas como catalisador.

A pilha de combustível tradicional, cujo combustível é o hidrogénio, recorre a metais nobres como catalisadores, ao contrário da de biocombustível, que assenta para a mesma função nas enzimas, moléculas comuns que aceleram as reacções químicas nas células.

Os investigadores admitem que as pilhas de biocombustível possam funcionar durante um mês sem necessidade de recarga, notando que reactivá-las será tão simples como acrescentar-lhes mais álcool.

A solução pode ser aplicável em dispositivos tão comuns como computadores portáteis ou agendas electrónicas, mas os cientistas admitem não esperar consegui-lo antes de cinco a dez anos.